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A different history

            Desde sempre que nos é incutido pelas histórias de encantar, pelas histórias que não são contadas à noite quando somos crianças, que uma bela princesa encontra o seu príncipe e depois derrotarem a bruxa má, vão para um lugar longínquo e vivem felizes para sempre. Que ela tem sempre longos cabelos, loiros por norma e que perdeu o pai ou o que seja, mas que o que importa sempre é que o príncipe a salvou e eles viveram felizes para sempre no seu castelo.
            Mas então uma rapariga cresce, vê o mundo que de belo não tem nada, que as pessoas magoam e tornam a fazê-lo, que os rapazes apenas querem uma só coisa, e que é quase proibido olhar para uma rapariga da mesma forma que se olha para um rapaz. E sem questionar ela é obrigada a olhar para os rapazes, a apaixonar-se por eles e pensar que viverá com um, terá filhos, uma casa, e “uma família”.
            E se um dia, ao passar na rua alguém lhe chama a atenção, alguém lhe sorri e ela sorri de volta, e se apercebe que não é um rapaz mas sim uma rapariga?
            Aquelas que eram as traças voando na barriga pelas mágoas já criadas passaram a ser borboletas, um mundo novo é descoberto. As emoções que ela pensava terem acabado por tanta discussão, traição, frieza, amargura, voltaram a nascer e agora ela sorri.
            Será isso um crime? Não poderá então essa rapariga voltar a sorrir apenas porque o motivo disso é alguém do mesmo sexo? Não se pode apaixonar por alguém que lhe faz levitar porque é uma ela e não um ele?
            Pois bem, não pode. Não pode aos olhos daquela a quem ela chama de mãe, não pode porque a mãe acha que isso não lhe faz bem, porque prefere que a sua filha chore dia após dia, deitada na cama, porque o seu namorado decidiu bater-lhe e trair-lhe, porque a destrui por dentro, mas era um rapaz. E jamais uma rapariga lhe poderia fazer feliz, jamais uma rapariga poderia completá-la como nunca o conseguiram fazer.
            E porque? Porque a sociedade não está preparada, porque a sociedade não consegue ver que não é pelas duas pessoas possuírem o mesmo sexo que não vão ser felizes. E enquanto aqueles que temerem os olhares da sociedade não vão ser felizes.
            Mas hoje eu conto uma história diferente, diferente de todos os textos que já escrevi. Hoje eu conto a minha história, e de como eu deixei de olhar para elas como amigas e comecei a vê-las como algo mais.
                                  

                                                                                                                      Com amor, 

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