Faltam-me as palavras, a inspiração, a musa, o que queiram
chamar, o Camões grande poeta de Portugal dizia que eram as ninfas do Tejo que
o inspiravam, já eu deixo que as grandes sinfonias, que os grandes autores
penetrem-me com o seu som de uma orquestra e me levem para um outro mundo que
me eleva ao nirvana da minha escrita. Mas hoje aquele que era o som divino
perdeu o seu encanto, a pauta que me inspirava desapareceu e deixaram-me, ao
relento, sujeitando-me ao tempo que os deuses querem e ansiando que uma pequena
inspiração me encha a alma.
Mas aí
está o problema, eu preciso de escrever, porque a escrita é o meu refúgio, a
escrita expõe aquilo que jamais seria exposto pela minha boca, o papel que se
tornou o meu fiel confidente e que não me trairá como muitos me fizeram a quem
eu confiei a escuridão do meu mundo.
E assim
caminhamos para o meu mundo, aquele pequenino, sem forma definida, que absorve
cada alma que entra lá, como uma areia movediça que quanto mais um corpo se
mexe, maior a rapidez do seu enterro. E a partir daí as barreiras criam-se, os
muros sobem e o arame farpado é instalado, para que ninguém lhe tenha acesso,
para que nada possa entrar lá. Será por medo de que o destruam? Por medo que
não o compreendam? Que não entendam que é aquela escuridão que me aquece a
alma, que é aquela tristeza que me traz paz ao pequeno corpo que por lá vagueia
dando um passo de cada vez, ou correndo de uma ponta à outra. É assim este
mundo cheio de becos, de ruas estreitas e onde o sol vem quando os deuses
decidem que o corpo deve ter acesso a um pouco de luz, que os olhos se devem
arregalar.
Por
isso se não te deixar entrares no mundo não te preocupes, apenas não quero
destruir a tua luz, porque ficas bem com essa luz sobre ti a iluminar-te os cabelos.
Beijo
Com amor,
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