Recentemente, ou não tão recente descobri que a mimha casa ia ser vendida, que teria que sair daquela onde vivo desde os meus quatro anos. Sempre disse que não gostava desta casa, do sítio, da vizinhança, contudo, agora que tenho que sair, que sou obrigada a tal é como se estivessem a cortar o cordão que nos une. Que me obrigassem a cortar as raízes que criei neste espaço, nestas paredes, nestas divisões.
Sei que estou a exagerar, mas se imaginarem um sítio onde não se passa nada, que acordam com o assobiar dos pássaros e que à noite, no meio de cigarros fumados e conversas ao telemóvel podem ver as estrelas, às vezes até conseguiria encontrar constelações se soubesse alguma. Se imaginarem que deram a primeira queda de bicicleta neste espaço, que vivenciaram pela primeira vez uma dezena ou até mesmo centena de experiências, talvez não pareça tão exagerado.
Agora irei para Lisboa, farei novas memórias, na casa nova, encontrarei novas vizinhanças que tenho esperança que sejam mais agradáveis. Não sei se estarei feliz ou triste, talvez ambas, talvez até nenhuma. E um dia, quando voar no ninho maternal ou paternal irei construir memórias novas também, talvez a duas ou talvez a dois. Nunca se sabe, ninguém sabe o futuro, apenas sei que se voasse agora seriam memórias a duas, e talvez assim permaneça, eu gostava.
Com amor,
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