talvez a duas, talvez a dois

          Hoje quando li um post de um blog descoberto por mim recentemente, retornei de imediato à minha infância e a partir daí àquela que foi uma grande amiga de infância. Talvez porque os nossos pais também fossem amigos de longa data o que proporcionou o nosso encontro, ela era um ano mais velho que eu e tinha uma irmã mais nova com sensivelmente uns 5 ou 6 anos a menos que nós, era super maria-rapaz e via muito de mim nela, pois também quando era criança era um pouco maria-rapaz, no entanto a minha amiga era talvez das mais femininas que eu conhecia na altura. Mas isso não importa, o que aconteceu foi que tanto os pais dela quanto a minha mãe eram super homofóbicos e tinham um medo gigante que a miúda se tornasse lésbica por ser tão maria-rapaz (estereótipos... enfim), e pronto eu que o mundo homossexual era completamente desconhecido para mim não fiz caso do que eles diziam e achava uma estupidez...           No entanto fomos crescendo e eu e a N tinhamos 16/17 anos e ao qual a

Mais um mar de choro, mais uma sinfonia de berros. Tudo recomeçou novamente, aquilo que pensava ter acalmado, o bom ambiente que pensava ter regressado, desapareceu em menos de um minuto. Como tudo neste mundo ninguém têm a mesma opinião, nem pensamentos iguais. Uns gostam de amarelo outros de azul, uns gostam de queijo e outros não. Bom seria se fossem essas as discordâncias que passavam dia após dia neste espaço selado por quatro paredes. Mas não, vai muito além disso, aqui a discordância parte de uma coisa chamada "orientação sexual", uma expressão que sempre gerou muita polémica e esta casa não é excepção. Como em todas as outras discussões as palavras ditas de cabeça quente saem pela boca que deveria ter ficado selada, e entram pelos ouvidos daquela que chora dia após dia pela culpa que sente de ser como é. "és a vergonha da família", "só queria que fosses uma boa filha", "precisas de ser curada", "porquê que tinhas que ser assim? porq

“ Eu preferia ter ouvido a verdade desde o início e ter dito adeus, mesmo que doesse, porque, pelo menos, eu não teria meu coração partido tão lentamente. Eu amava a forma que você cantava pra mim todo dia antes de eu dormir pra afastar meus pesadelos, eu estava acreditando em você quando tu disse para mim que nosso amor poderia durar a eternidade! Você sabe o quanto ta doendo agora? Minhas amigas me falaram que eu estava ficando louca, que você não prestava e que eu ia acabar magoada… Veja só, elas estavam certas! Eu cai no conto de fadas que eu tanto quis. Eu tinha o belo príncipe nas mãos e me sentia uma princesa, entende? Você causou cada arrepio no meu corpo, cada desejo, cada faísca e, infelizmente, cada maldita borboleta no estômago. Você ta me fazendo ficar sentada em casa e chorar que nem um bebê, me fazendo esperar um telefonema que nunca vai chegar. Eu to uma bagunça por sua causa garoto. Fazia tempos que meus dias passavam em volta de você e eu apenas rezava pra que eu não

Voltas-te daquele jeito brilhante e enferrujado que tinhas e continuas a ter, aproximas-te de mim e voltas-te a perfurar-me e a criar novamente a sensação de leveza que crias-te às uns tempos atrás. Sei que não devias de ser o meu refúgio, mas não o posso negar, quando não encontro ninguém que me tire deste mundo que me consume e me destrói dia após dia, não encontro ninguém que ocupe o teu lugar, mas queria, queria tanto que me deixasses, sei que não me fazes bem, sei que não devias ser tu o meu ponto que me tira de todo este martírio, mas não dá, lamento não dá. Por favor não me deixes, magoa-me como sempre o fizeste, tira-me novamente deste mundo por momentos e leva-me para um outro onde pessoas cruéis não existem, por favor leva-me daqui outra vez como já o fizeste, e o fizeste tão bem. Sei que não sou ninguém para te pedir isso, mas é o meu último desejo. Com amor,