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Tempo

Dei um tempo. 

Precisei de um tempo.

Ontem pedi àquela que amo 'um tempo', sem saber muito bem como isso se faz, sem saber como se reage, como se procede, como se caracteriza. Pedi-lhe um tempo, e não sei o que senti, acho que de tanto que já chorei - com ou sem razão - agora a apatia reina em mim, no meu corpo, na minha alma. 'E agora?' é a derradeira questão que sobrevoa o meu pensamento, como aquelas avionetas que sobrevoam as praias com mensagens de amor ou de publicidade. Acho que o director de marketing do meu cérebro achou por bem alugar uma dessas avionetas e fazê-la sobrevoar todo o dia, a toda a hora com esta pergunta. 
E assim é, constantemente com esta questão passei o meu dia de hoje a reflectir - enquanto estava rodeada de gente e mesmo assim me sentia completamente sozinha no meu mundo - sobre o que se faz agora. Mando mensagem? Digo que a amo? Que quero estar com ela? Vou ter com ela?, sou bombardeada com um tipo qualquer de arma com todas estas questões e mais algumas e respostas? não existem. Não surgem. Talvez porque tenha que assim ser, porque as questões surgem sempre primeiro, e com o 'tempo' as respostas vão aparecendo, desfocadas de início e aos poucos e poucos passam a ser nítidas. No entanto, sendo a pessoa ansiosa que sempre fui, vivo na constante incerteza de que quando é que elas serão nítidas, daqui a umas horas? amanhã? daqui a uns dias? uma semana? um mês? eu não sei. E para além de me deixar num estado pleno de ansiedade, sei que não sou só eu que estou assim, o que agrava mais a situação. Dizem que tenho que ser egoísta, que tenho que pensar em mim, mas como posso eu pensar em mim apenas quando a pessoa que amo anseia igualmente por uma resposta? Como posso eu deixá-la nesta incerteza, nesta igualmente constante questão?
Acho que quebrei a confiança dela, confundi os meus sentimentos com outra pessoa, e agora. Agora ela não confia em mim, no que sinto, no que digo. Com razão? Talvez sim, talvez não, depende da perspectiva. Ela diz que a tenho que reconquistar. E eu não sei o que fazer. Talvez foi por isso que pedi este tempo, Para perceber exactamente isso. 
Acho que preciso de sentir a falta dela, sentir saudades. Talvez porque nunca senti, porque nunca sentimos, nunca tivemos longe uma da outra. E apesar de ter quase certeza que ela irá ler isto, espero que nada do que escreva a magoe. Porque não sei quem tem isto, mas quem o tem perceberá que este blogue é como se fosse o meu confidente, onde escrevo aquilo que penso e escrevo como me vai no pensamento, e por vezes nem eu sei concretamente aquilo que penso. 
Agora sei, plenamente, que tenho que pensar, reflectir sobre tudo, aquilo que sinto, que quero fazer e faça o que fizer se irá ser benéfico para ambas as partes. Porque pior que não saber o que fazer é fazer algo sem pensar, ou a pensar e magoar alguém. Antes magoar a mim mesma que magoar alguém que amo, já o fiz demasiadas vezes. Não quero fazer de novo.
Obrigada por estarem aqui apesar de não saber quem são.


Com amor, 
talvez a duas, talvez a dois 

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