Avançar para o conteúdo principal

Same Love

            Oiço vezes sem conta aquela pela qual se intitula de Same Love cantada pelo Macklemore e pela Mary Lambert, cantando baixinho as partes da voz feminina pois são as únicas que consigo acompanhar, talvez porque o rap nunca foi muito o meu género de cantorias, na esperança que o resto da sociedade oiça também esta música, escute a letra e preste-lhe atenção. Não era necessária uma análise minuciosa para entender a mensagem da mesma, basta ler na diagonal, captar pequenos versos como "And you can be cured with some treatment and religion”, “America the brave still fears what we don't know” e alguns mais que este relato da sociedade dos dias de hoje fornece.

            Toda esta música mostra como vivemos numa sociedade hipócrita que se autointitula de “liberal” mas que é incapaz de apoiar a comunidade LGBT, de nos aceitar como “eles”, isto partindo da ideia de que somos diferente deles. Não somos, muitos partilham ADN, mesma cor de olhos, tipos de sangue, cor de pele e muitas mais características como qualquer ser humano. Esta sociedade que parte do pressuposto que se trata de uma escolha, não, não é uma escolha, não se escolhe gostar de alguém. Tal como um homem não escolhe gostar de “x” mulher, ou da mulher gostar do homem “y”.

            Como bissexual assumida interiormente desde os 14 e “saída do armário” desde os 17 sei o quão difícil é para aqueles que ainda escondidos se encontram, que têm medo dos comentários, dos olhares, de tudo. Mas vivendo do medo não se avança, mais tarde ou mais cedo se saberá, e quanto mais tarde pior, não pelos outros mas por quem sai, porque esse que se aguentou até ao último sopro não viveu o que queria, como queria. Não vou dizer que não é difícil, que não chorei muito, que não desejei “ser normal”, mas quem ditou que o conceito de normalidade era obrigatoriamente um homem e uma mulher? Se era obrigatório não teria então que estar predisposto na nossa genética apaixonarmo-nos pela pessoa do sexo oposto? Porque é que a do mesmo sexo contínua a chamar-me à atenção, a manter-me um sorriso no rosto, a aquecer-me o coração?


«And I can't change
Even if I tried
Even if I wanted to
And I can't change
Even if I tried
Even if I wanted to
My love, my love, my love
She keeps me warm»



Comentários

Mensagens populares deste blogue

Novo livro, nova vida

          Acabou, já passaram uns tempos... Não sei o que pensar, não sei o que sentir, será alívio? Ou um grande vazio que me corrompe a alma, e quebra uma e outra vez aquele pedaço vermelho que fazia o sangue bombear por este corpo que balança ao som das vozes dos deuses?           A tristeza abarca todo aquele que era o sorriso diário, a lágrima nocturna tornou-se constante e já não vem periodicamente, mas diariamente junto da almofada, uma bela confidente que guarda e guarda, não diz nada e apenas ouve.           Mas porque me sinto assim? Não deveria então de estar feliz? Não tomei a decisão certa? Então porque é que em vez de um sorriso tomar posse do meu rosto, são as lágrimas que o conquistam?           O sentimento que não desaparece, e no meu fundo eu sei que não quero que ele desapareça, seria demasiado mau. Não seria justo, mas talvez, e só talvez se desaparecesse nela as coisas se tornariam mais fáceis, ela seria mais feliz. Ela sobreviveria.           Sinto-me uma mad

Voltei

Meu deus, já não venho aqui àlgum tempo... se bem que os olhos que por aqui passam são esporádicos. A faculdade começou, os dramas começaram e a paciência para me agarrar por uns momentos ao computador e depositar umas quantas palavras tem faltado. Lamento por aqueles que esperaram por mim. Decidi voltar agora, devagar, mas voltei. Muita coisa mudou, os olhares de gentes, as vozes, os carinhos, tudo... acho que posso dizer que tudo mudou, mas não será isso bom? pode ser que agora venha algo novo, que dê um brilho novo ao olhar desta pequena alma. Eu voltei, devagar, mas voltei. Com amor, Talvez a duas, talvez a dois

Agora vem

Adormeço, o sono profundo instala-se e penso o quão era bom viver num mundo onde tudo era bom... Onde tudo o que eu desejava acontecia, que a minha palavra era quase ordem, que podia fazer quem quisesse feliz, não faria porcaria, não erraria, não me olhariam de lado. Um mundo onde tudo estaria certo, tudo bateria como deveria ser, nada era mau. Acordo, nada é assim, quero algo, então tenho que lutar, quero alguém, então vou ter que demonstrar, as traças serão substituidas pelas borboletas na barriga quando o encontro se aproximar, os lábios estremecerão, as mãos suarão e o toque, oh o toque, será como uma luz ao fundo do tunel. Que se aproxima lentamente e o arrepio instala-se em todo o corpo. E assim saberei que o verdadeiro amor estará naquele momento junto a mim. Assim como senti naquele jardim, deitada sobre uma toalha onde um som suave voava ao sabor do vento, e uns olhos semi fechados me penetravam a alma, um dedo a passar no rosto fazia o meu corpo tremer, e o primeiro toque d